segunda-feira, 21 de julho de 2008

aos homens de nosso tempo - hilda hilst


Ávidos de ter, homens e mulheres caminham pelas ruas.

As amigas sonâmbulas, invadidas de um novo a mais querer,

Se debruçam banais, sobre as vitrines curvas.

Uma pergunta brusca, enquanto tu caminhas pelas ruas.

Te pergunto: E a entranha?

De ti mesma, de um poder que te foi dado

Alguma coisa clara se fez? Ou porque tudo se perdeu

É que procuras nas vitrines curvas, tu mesma,

Possuída de sonho, tu mesma infinita, maga,

Tua aventura de ser, tão esquecida?

Por que não tentas esse poço de dentro

O incomensurável, um passeio veemente pela vida?


Teu outro rosto. Único. Primeiro. E encantada

De ter teu rosto verdadeiro, desejarias nada.


Hilda Hilst - Poemas aos Homens do Nosso Tempo - XIII


2 comentários:

Adair Carvalhais Júnior disse...

gosta dela cada vez mais.

Bee-a disse...

eu também... tenho conhecido mais coisas dela e estou me surpreendendo.