Nunca morei longe do meu país.
Entretanto padeço de lonjuras.
Desde criança minha mãe portava essa doença.
Ela que me transmitiu.
Depois meu pai foi trabalhar num lugar que dava
essa doença nas pessoas.
Era um lugar sem nome nem vizinhos.
Diziam que ali era a unha do dedão do pé do fim
do mundo.
A gente crescia sem ter outra casa ao lado.
No lugar só constavam pássaros, árvores, o rio e
os seus peixes.
Havia cavalos sem freios dentro dos matos cheios
de borboletas nas costas.
O resto era só distância.
A distância seria uma coisa vazia que a gente
portava no olho
E que meu pai chamava exílio.
Manoel de Barros
terça-feira, 25 de novembro de 2008
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12 comentários:
amo, manoel de barros
de paixão!!! :)
beijos, bia!
é meu e ninguém tasca!
ahahah
ah, que bom pavitra!
eu acho ele um pouco cansativo algumas vezes, mas tem coisas lindas.
=)
beijos!
ah, naninha... culpa sua! =P
Alguns poetas não me tocam. Manoel é um deles. Mesmo reconhecendo que ele constrói imagens bonitas e sensíveis, que ele reutiliza a linguagem de um modo interessante, nunca me tocaram seus poemas.
Deste gosto dos últimos versos: a imagem do exílio.
Eu acho que o Manoel de Barros fica cansativo em suas temáticas naturais e de reinvenção lingüística. Mas algumas coisas dele me tocam bastante, como esse poema - principalmente os dois versos do início e do final.
maravilhoso
Manoel de Barros. Gosto muito da delicadez de suas linhas.
Legal que vc gostou, Avati. =)
Que bom, Clara! Seja bem vinda.
comprei o livro do Manoel de Barros chamado Arranjos para assobio. =)
Quero uma amostra grátis, Avati... =D
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