Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada Lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é que é alma:
qualquer coisa que flutua por este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano
sobre a areia passiva e inúmera...
Cecília Meireles
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
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5 comentários:
É belíssimo este poema da Cecília, que me inspirou o poema “entre mim e mim”. Melhor dizendo: são belíssimos todos os poemas da Cecília. Do ponto de vista da melodia, Cecília é o melhor poeta (homens e mulheres) que conheço.
Beijos
esse poema é demais da conta...
bia, eu disse lá no último poema do adair que o que ele escreveu era um dos que arrepiam... e esse da cecília tbm.
gosto muito!
beijos
Esse poema é mesmo arrepiante de belo, amigos...
Fred,
poderia mandar um link para o seu poema inspirado nesse? =)
Para mim a Cecília também é uma das maiores brasileiras. Ela sempre me surpreende, sempre, sempre. Isso me apaixona nela.
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