Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições de pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
João Cabral de Melo Neto
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
No latifúndio da poesia,
João Cabral
foi senhor absoluto.
A palavra exata,
cova rasa,
era dele, morte e vida.
Beijo, Bia
João Cabral é demais. Após o Eugênio, vou me debruçar sobre ele, Fred. Um beijo pra vc!
Muito Bonito o poema Biazinha, um domínio absurdo de tudo...
Postar um comentário